Fundamentos da BOA VIDA

Faça barulho...
Quando o silêncio da solidão perturbar a paz de teu espírito!
Faça silêncio...
Quando a turbulência do mundo exterior tentar te levar ao desespero!
Faça guerra...
Pelas causas justas e honestas que promovem a vida!
Faça paz...
Quando todos quiserem provocar intrigas!
Faça lágrimas...
Quando essas forem essenciais para purificar a alma e levar a santidade!
Faça risos...
Para que estes possam enriquecer o caminhar e o viver!
Faça marcas...
Em vidas e seres- com amor- para que se eternize sua presença!
Faça cicatrizes...
Às feridas das almas que clamam por misericórdia!
Faça destruições...
Para derrubar as barreiras que te impedem de sonhar e ser feliz!
Faça construções...
Onde possa morar e crescer o amor. Dê preferência ao terreno fértil de um coração reto!
Faça realidades...
Para que os pés fiquem firmes no chão e o orgulho não tome conta de você!
Faça sonhos...
Quando a dureza dos fatos amargurar o sabor da existência!
Enfim...
Faça alguém feliz, faça o mundo girar, faça sua inteligência superar a ignorância humana...
Faça e ensine os outros a fazerem. Não deixe que estes fundamentos da BOA VIDA se limitem ao espaço dos teus passos.

Admilson Veloso

Poemas - Ficou para trás

O futuro me atropelou,
Na velocidade do tempo,
Na velocidade da vida.
O presente não está mais aqui,
Ele ficou para trás,
Ele ficou na memória.
O passado fugiu do mundo,
Com medo do novo,
Com medo dos sonhos.
Ficou para trás:...
Os tempos velozes da vida,
...O presente esquecido da memória,
...O medo de novos sonhos.
Eu já nem me lembro mais,
O mundo ficou para trás!

Admilson Veloso

Liberdade inCondicional

















Liberdade inCondicional

Depois de “devorar” o livro Liberdade inCondicional, da Rina Bogliolo Sirihal, eu não poderia deixar de dizer o quanto fiquei maravilhado. A autora tem uma capacidade enorme de se tornar cúmplice do leitor. Com uma linguagem simples, mas ao mesmo tempo inovadora e sofisticada, Rina conseguiu despertar em mim um desejo enorme de também deixar que gritem os silêncios escondidos em mim. O texto abaixo é apenas um trecho, confira o livro todo e permita-se sonhar em silêncio e viver outras emoções.
Milson Veloso

OS SILÊNCIOS SE DESPEDEM

“... Pois o mais esquisito de tudo é quando se observam todos quantos inventam teorias acerca do universo e da vida. E a necessidade de acreditarmos em contos de fadas? E a preocupação em negar que nossa cabeça confusa é de fato confusa e dela não sairá idéia que esclareça o motivo da confusão? E esta tendência, agora, de psicologias e neurociências com os profissionais do ramo a estudarem mentes alheias porque as suas não se explicam? É que essas gentes não têm só de inventar tapa-buracos como têm de berrar ao mundo suas invenções. E o motivo é que o silêncio em torno do inexplicável é tão gritante que ninguém, absolutamente ninguém quer ouvir grito de desamparo de silêncio algum. Pois é por isso que dá-lhe a gente de inventar coisa muito esquisita, cada bobaaagem..., e dá-lhe a obsessão de querermos ser, todos, indivíduos verdadeiros. De pensamentos e sentimentos verdadeiros. Assim, as vozes nossas abafam o grito do silêncio a dizer sempre que a coisa não tem sentido, não. Não tem sentido... não tem sentido... não tem... não tem... não...

Vai que enveredam uns pela arte; e a combinação de cores, ou de sons, ou de palavras lhes provoca prazer. Vai que há pessoas que dedicam-se à política e querem crer, e fazer crer, que estão no mundo para organizar as nações em que vivem e ajudar os bons nesta tarefa difícil que é sobreviver. Vai que há os que curvam e até discutem pela religião. Há um deus que, em algum momento, olhará por nós, dizem essas pessoas. E consolam-se com tal idéia mesmo vendo o que vêem de injustiça ao seu redor. Vai que outros optem por trilhar os caminhos do humor. Começam por se acreditar viventes bem-humorados, simpáticos. Mais um passozinho só adiante e, de repente, estão a rir e fazer piada dos outros, e da sociedade também, pois dizem ter a certeza de ser o riso o melhor remédio num mundo de amarguras e injustiças. Há até os que afirmam ser o riso bom para a pele.
Arte, filosofia, política, religião, humor – atitudes infantis vividas como se sublimes fossem. Alternativas criadas pelo cérebro do ser humano, que conhece tão somente as coisas que não o afetam. Dissimulações de nossa perplexidade diante do puro mistério. Tentativas de mostrar como inverídico nosso dilema de sermos prisioneiros dos nossos próprios sentimentos e pensamentos. Assim se engana a si mesmo o enganado, dizia Zaratustra...”

Rina Bogliolo Sirihal
Liberdade inCondicional

Humor

Legal...
Disponível em: incrivel.blogger.com.br

PENSAR O AMOR

"Um amor se torna grande por sua intensidade, e não por sua duração"

O Amor é uma força estranha que move meu ser...
Falar de amor nos dias de hoje tem se tornado algo "brega", não sei se porque as pessoas deixaram de se amar - creio que não - ou se é porque têm medo de dizer que amam. certo é que para a maioria dos jovens, sempre ligados ao rock in Roll, o amor é algo de sentimentalista, de Emo's. Sinceramente, não vejo qual o problema que há em alguém amar e dizer que ama. O sentimentalismo deveria ser encarado, antes, como algo precioso que como falta de masculinidade ou excesso de feminilidade. Sou extremamente a favor daquela forma de amar a moda antiga, de ser capaz de se emocionar, chorar e dizer que sente saudades.

Se a "modernidade" do mundo de hoje nos leva a pensar que somos apenas máquinas humanas, vou contra essa corrente, pois me sinto no direito de ser mais Humano e menos máquina.

Quero ser capaz de existir intensamente e não apenas viver, quero acreditar, sempre, que ser romântico não é defeito, quero fazer da filosofia do amor minha inspiração para pensar.

É por acreditar que ainda existem outros como eu, que são capazes de dizer que amam, que choram, que sentem saudades, é por acreditar que o amor não é algo antiquado, perdido no passado, que eu persisto em defender esta estranha forma de viver, estranha para aqueles que se acham espertos demais para não amar.

Este texto, caro leitor(a), é uma forma de expressão deste sentimento que preso muito e que muitos pensam ser ultrapassado demais para eles. Do sentimento que ainda move muitos corações, até o daqueles que não acreditam nele. Do mais intenso, mais belo e mais puro jeito de Ser Humano.

Sou dos que defendem a nossa "espécie" não apenas porque somos capazes de pensar, mas, acima de tudo, porque somos capazes de amar. Capazes de amar de uma forma como nenhuma outra espécie é.

Mesmo com tantos pregando a ditadura da beleza, do consumismo, e até da banalização do termo AMOR, fujo desta linha e insito em acreditar que somos melhores quando movidos pelo tal sentimento que chamamos de amor. Este é, para mim, mais que um simples sentimento, é uma expressão de VIDA!!!

Admilson Veloso

O EU...
















O que eu tenho?

Às vezes paro, assim comigo mesmo, e fico a remoer pensamentos e lembranças. tudo para afagar esta solidão que atormenta o meu peito e que me faz perder a consciência. Então, reviro cada pedacinho de passado, na tentativa de lá encontrar aconchego e um pouco de felicidade.

Fico aqui a pensar o que tenho de concreto para me fazer sorrir. Percebo que todo o meu presente é tão pesado e triste. Tenho mesmo que buscar alegria na memória, pois agora o que me resta é desejo. Um desejo de só desejar o que já foi desejado. Entende? É um pouco confuso mesmo. É uma dor impregnada de desejo, uma solidão impregnada de desejo, uma tristeza impregnada de desejo e, um desejo impregnado de saudades...

Por que só o passado é que parece ser tão belo? Por que não se encontra beleza no presente? Essas coisas são tão esquisitas. Mas há muita verdade nisso. A vida é mesmo algo estranho. A vida é uma estrada. Mas eu estou perdido. Para onde me leva o meu caminho? Acho que esta pergunta vai permanecer aí, intacta. Talvez, quando esse momento for apenas lembrança, eu consiga uma resposta.
Mas do que eu falava mesmo? Ah! Falava da vida, dos caminhos, dos desejos e da solidão. Penso, as vezes, nesses instantes de insanidade e reflexão, que os sonhos poderiam ser a solução para todos os problemas da humanidade. Sonhos mesmos, e não aqueles pesadelos que assustam o sono das criancinhas. Sonhar faz tão bem, você já pensou nisso? Quando sonhamos nem dá vontade de acordar. Sabe que outro dia, quero dizer, outra noite, eu sonhei que estava a pescar? Pois é, estava na beira de um rio, a água era tão límpida, o barulho da correnteza embalava como música de ninar o meu sono. Minha mãe sempre falava que sonhar com água é coisa ruim. Mas aquele sonho era tão bom, dá até vontade de sonhar de novo...
Não entendo o porquê, mas os sonhos bons não voltam. Eles são como a água daquele rio. São músicas que apenas ficam vagamente na nossa lembrança. Eu queria mesmo era viver sonhando. Seria tudo tão diferente. Poderíamos todos mergulhar em sonhos e fazer a vida ser, para sempre, a mesma felicidade. Só que o sol vem, o dia vem, e os sonhos vão embora. O mundo é diferente. São muitas tristezas. Eu prefiro os sonhos. Ficar fantasiando e ter lembranças de dias felizes, quando tudo era belo e eu não precisava chorar.
Mas tudo passa. Passou até esse meu momento. Agora tenho que voltar a vida e ser eu mesmo, com os pés no chão, com sonhos na cabeça, e com o desejo de voltar atrás e ficar, como CD arranhado, a repetir sempre a mesma coisa - ou coisa alguma - o mesmo instante de alegria. Como um eterno ápice a consumir meu Eu, meu Ser, minha Lucidez...

Admilson Veloso

Tabacaria

Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas —
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas —,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma sem
Porta
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates coma mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê —
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como
Tabuletas
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Álvaro de Campos

Dor e Esperança

...Há um misto de dor e esperança. Há sim, uma cumplicidade entre sonhos e planos inexeqüíveis que se encontram com a realidade incrédula de um planeta dessecado pelas obras da genialidade humana.É um contraste como alfa e ômega, um triste e lamentável extremo que faz colidir os passos de um primeiro caminhar com a pedra primeira de tantas do caminho.

São os olhos. Os olhos que refletem o horizonte e turvam-se perante a escuridão de uma noite solitária e companheira de sentimentos homiziados.

A dor escondida em um soluço, uma lágrima, um pranto. Um sentimento, não de fraqueza, mas de humanidade. Soluços, lágrimas e prantos de seres moldados pelo amor. Amor que muitas vezes corrompido fez sufocar e destruir os desejos e limites da pacificidade da alma.

Dor, como reflexode feridas não cicatrizadas pelo tempo, das das mágos não desfeitas e do perdão esquecido da memória. Rítmo continuo do desespero e do medo de não mais sarar e desaparecer as marcas das quedas.

Um sofrimento interiorizado por não ter onde derramá-lo, onde encontrar-se consigo e ver-se dentro de outros olhos, de outras emoções, de outros corações...

É a esperança vaga que tudo passe, que a dor acabe e que permaneça apenas a esperança. É aquela vontade de o passado não ser tão belo ou não ser passado, mas um eterno presente onde a grandeza da existência dure uma eternidade. Que a saudade e a tristeza se remeta ao passado que não mais existe, para que se encontre presente no futuro só a felicidade e a esperança de sonhos mais belos, de utopias menos áridas e de dores que não se façam tão marcantes e permanentes, mas apenas aguçadas por esta esperança.

Talvez assim o sol brilhe um pouco mais. E tudo será um sonho na memória de quem esqueceu de sonhar e apenas viveu, sem o brilho que a vida exige para de fato existir: A dor e a Esperança.

Milson Veloso

Curiosidades

Erro de datas

O calendário cristão foi elaborado pelo monge Dionísio Exíguo, no ano 525, portanto no século VI de nossa era. Localizou a data do nascimento de Cristo no ano correspondente ao 743º da fundação de Roma. Desta maneira, o ano 754 da fundação (lendária) de Roma corresponderá ao ano I da era cristã. Porém, segundo os estudiosos do assunto, o monge cometeu um erro de seis anos. O verdadeiro ano do nascimento de Cristo seria 748 do calendário romano. Portanto, Cristo nasceu no ano 6 do nascimento de Cristo!O costume justifica a não correção.

Os dez dias que nunca existiram

Até o século XVI, estava em vigor na Europa, o calendário juliano, criado e entrado em vigor no ano de 45 a.C. a mando de Júlio César. Como o ano do calendário juliano correspondia a 365 dias e ¼ (ou 6 horas), foi ele que introduziu o ano bissexto. Mas em 1582, ele apresentava uma diferença de dez dias em relação ao ano solar (365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos). Nesse ano, no hemisfério norte, o equinócio de inverno caiu em 11 de março em vez de 21 (começo da primavera). Gregório XIII, papa de 1572 a 1585, determinou que dez dias fossem expurgados do calendário, para eliminar a diferença. Assim, o dia 4 de outubro foi seguido pelo dia 15!!! Para prevenir eventuais problemas futuros, os anos centenários divisíveis inteiramente por 400 seriam considerados anos bissextos e os outros não. Assim, se 2000 é bissexto, 1800 e 1900 não o são.Lentamente, o calendário gregoriano foi sendo adotado pelos países europeus protestantes. Na Grã-Bretanha, em 1752. e a Rússia, país ortodoxo, adotou-o apenas em 1918, quando os comunistas estavam no poder.

Cleópatra, a rainha do Egito

Cleópatra (69-30 a.C.), a última rainha do Egito, era considerada uma especialista na arte do amor. Teve seu primeiro amante aos doze anos (outros historiadores sustentam que foi aos 21). Dizem que chegou a levar cem homens para cama numa única noite.Segundo o costume egípcio de casamentos na realeza entre filhos dos mesmos pais, Cleópatra foi casada com dois irmãos. Primeiro com Ptolomeu XIII, quando ela tinha dezoito anos. Depois da morte dele, quatro anos passados, ela se casou com Ptolomeu XIV, de doze anos. Não havia relacionamento sexual nesses casamentos, que eram arrumados apenas para que ela pudesse ser rainha por intermédio de um monarca.Cleópatra testava a eficiência de seus venenos dando-os aos escravos.A rainha egípcia ocupava vinte damas de companhia na preparação de seus banhos e ficava até seis horas mergulhada na água extraída de plantas aromáticas.

Flores

Olhei até ficar cansado
De ver os meus olhos no espelho
Chorei por ter despedaçado
As flores que estão no canteiro
Os pulos e os punhos cortados
E o resto do meu corpo inteiro
Há flores cobrindo o telhado
E embaixo do meu travesseiro
Há flores por todos os lados
Há flores em tudo que eu vejo
A dor vai causar estas lástimas
O soro tem gosto de lágrimas
As flores têm cheiro de morte
A dor vai fechar estes cortes
Flores
Flores
As flores de plástico não morrem

Letra da música Flores - Titãs

Álvares de Azevedo – “Meu sonho”

Meu sonho

Eu


Cavaleiro das armas escuras,
Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada sangrenta na mão?
Por que brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?
Cavaleiro, quem és? O remorso?
Do corcel te debruças no dorso...
E galga do vale através...
Oh! Da estrada acordando as poeiras
Não escutas gritar as caveiras
E morder-te o fantasma nos pés?
Onde vais pelas trevas impuras,
Cavaleiro das armas escuras,
Macilento qual morto na tumba?
Tu escutas!... na longa montanha
Um tropel teu galope acompanha?
E um clamor de vingança retumba?
Cavaleiro, quem és? Que mistério
Quem te força da morte o Império
Pela noite assombrada a vagar?
O fantasma
Sou o sonho de tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!

Álvares de Azevedo – “Meu sonho”

Charges...





















De Folha Online