Série Pequenos Contos

Olhando pela janela, Pedro sentia uma vontade imensa de pintar aquelas nuvens brancas lá no alto.
"_Porque Deus não fez a nuvens coloridas e o céu branco, mamãe!?", questionou o garoto.
"_Talvez tenha sido pra economizar tinta, Pedrinho..."
"_Tudo seria muito mais divertido se a gente mesmo pudesse colorir o nosso mundo. Você não acha!?"
Tem perguntas inocentes que nos deixam sem reação, pensou a mãe de Pedro, apenas concordando com o filho.

Série Pequenos Contos

Pedro queria um pássaro que lhe ensinasse a voar.
"_Mas com asas de ferro!"
É pra ele não se ferir tão facilmente... #PequenosContos

Série Pequenos Contos

Pedro sempre pensou que houvesse um fantasma a segurar o ar na garganta dele e a lhe apertar o coração...
"_Isso se chama saudade, meu filho!", revelou-lhe a mãe, numa tarde qualquer de domingo. #PequenosContos

Série Pequenos Contos

A inquietação de Pedro recomeçou.
"_Tio, o mundo demora muito para girar?"
"_Depende da velocidade que vivemos, Pedrinho", respondeu o tio Marcos.
"_Hum... Mas daí vamos ter Natal de novo?", continuava a dúvida.
"_Claro! Todo ano temos Natal..."
"_Ah, que legal! E no Natal eu terei um Papai para sentar no colo e me dar um abraço?"
Faltou uma palavra diante daqueles olhos esperançosos... #PequenosContos

Série Pequenos Contos

Pedro estava diferente naquela manhã. Logo durante o café ele mostrou sua inocência. Colocou a mão no peito, respirou fundo e disse:
"_Mamãe, acho que o meu coração está sangrando!"
Só não sabia o garoto que aquilo iria se repetir para o resto da vida, por motivos e significados mais intensos... #PequenosContos

Crônica incompleta

Pedro acreditava ser amor aquele sentimento que carregava em seu peito. Talvez fosse coisa de sua cabeça. Na verdade, pouco entendia sobre o que a vida lhe fazia sentir, mas também não queria compreender. Olhava com uma admiração tão grande a beleza no coração de Marcela, que às vezes tinha vontade apenas de parar o tempo para poder contemplar um pouco mais aquela obra em movimento.

A ternura da menina lhe provocava um tremor por dentro.  São tantas coisas que acontecem quando os olhos se encontram com a alma do outro que a gente não consegue descrever. Era possível até fazer um poema, mesmo ele sendo atrapalhado com as palavras. Quem sabe um dia nascesse uma poesia meio torta, sem preocupação com a literatura. Mas ela seria certamente cheia de sentido.


Por sua simplicidade em querer bem, Marcela continuava ingênua, sem perceber o carinho que estava nos lábios e no corpo de Pedro. Ele queria ter coragem para contar-lhe de seus desejos além dos abraços. Quem sabe sentir de perto a respiração e o pulsar descompassado. Estudar juntos o dia inteiro era um martírio para o jovem, pouco acostumado com romances. A biblioteca mal iluminada não ajudava em nada sua concentração nos livros.


A matemática perdia toda a lógica com Marcela ao lado. Os números não são exatos quando a gente descobre essa filosofia barata que o amor ou a paixão traz. Pedro estava demasiadamente inspirado e nem conseguia pensar nos cálculos que precisava estudar para as provas finais do primeiro período da faculdade. Como seria fácil se ele fosse da área de humanas e tivesse facilidade para comunicar o que estava na garganta...