Fragmentos


A alma perturbada de Lúcio vagou pela noite a observar a lua no céu daquele sábado. Ele estava por demais atormentado com os últimos acontecimentos de sua vida, antes tão monótona, para dar atenção aos carros que passavam pela via, quase a atingi-lo. Não aprendera a lidar com essas coisas que acontecem quando a gente precisa desaprender a amar e encontrar novas saídas para nossos sentimentos. Mesmo Lúcio, sempre tão dedicado a tudo o que se propunha a fazer, inclusive ao amor, carrega tais dúvidas, como esta de apaixonar-se ou não por Carmen, Angélica, Cristiane e outras pessoas sem nome.

Parou diante de um prédio qualquer, debaixo de uma árvore que fazia sombra com o luar. Sentou no meio-fio e permaneceu ali, pensativo, por muitos minutos. Depois, chorou algumas lágrimas e foi embora sem decidir nada. Queria mesmo era gritar, fazer sair de dentro dele aquela amargura e a indecisão de viver. Não conseguiu, mas continuou vivendo, ainda com todas as questões que atormentam sua mente em noites escuras de céu iluminado.

ReAmar


Eu quero mais uma vez,
O beijo afetuoso na manhã de domingo,
A lua cheia no céu de setembro,
A flor em desabrocho no início de novembro,
E a chuva fraca, pingo-a-pingo.

Eu quero mais uma vez,
O sorriso largo na face apaixonada,
A companhia afável na noite distante,
O sonho firme no caminho errante,
E a poesia romântica em rimas quebradas.

Eu quero mais uma vez,
Os mistérios presentes no não dito,
As proezas de uma doce surpresa,
O jantar junto sobre a mesa,
E o pra sempre nunca escrito.

Eu quero mais uma vez,
O suspiro profundo de um até breve,
O abraço apertado de saudade no dia seguinte,
O café da manhã com sabor de requinte,
E um amor que me arranque arrepios leves.