Diario de um Suicida



Não quero, com este texto, incentivar o suicídio. Sou extremamente contra esta forma de morte. Tão estúpida e tão covarde.

A ÚLTIMA PÁGINA DO DIÁRIO DE UM ADOLESCENTE EM DEPRESSÃO

Hoje o céu amanheceu nublado. Não o céu lá fora, lá no mundo, porquê aquele eu já nem vejo mais. Mas este céu aqui, dentro de meu quarto e, em parte, dentro de mim. Parece que haverá tempestade, as nuvens estão negras. Está escuro neste espaço de inexistência, é tão frio este momento de solidão.
Eu queria fugir. Queria fugir para longe dos seus olhos e me esconder em algum canto do seu coração. Os meus sonhos se queimaram. Os meus, os teus profanos sonhos. O que são sonhos?
Estou perdido, estou louco. Meu grito é mudo, minha canção é monótona e já não consigo dizer eu te amo. Socorro! Alguém me ajude, alguém me resgate. Dê-me um abraço forte, por favor, e um sorriso sincero. Há um fogo, uma brasa em meu peito. Socorro! Eu não consigo sonhar, eu não consigo viver. Eu sou tão fraco, um perdedor. Diga-me como resistir a este abismo.
Ah! Este cheiro de mofo presente nestas lembranças. Como eu gostaria que tudo isso fosse apenas um pesadelo. Sim, eu vou me convencer de que toda a minha dor não passa de um lúgubre pesadelo.
Tudo o que eu queria era só ser livre, ser amado e ser eterno. Vou sair voando por esta janela. Mas antes preciso fechar os olhos para não ser fraco e não sonhar com o mundo lá fora. É isso mesmo, vou me lançar na eternidade por esta janela. Serei um herói por ter vencido os meus medos e a sua estupidez. Você chorará uma lágrima por mim. Serei amado, ganharei flores e serei eterno. A liberdade me chama, preciso ir. Serei livre, livre para todo o sempre. Vou permanecer através da distância, do tempo e do silêncio. Amém...

Admilson Veloso

Nenhum comentário: