Quando deixei de ser humano

Foi numa noite de novembro,
Quando eu vigiava as estrelas brilhando
Naquele céu de primavera com cheiro doce
Que eu percebi as primeiras mudanças.

Deixei de ser humano e me tornei abstrato.
Não como quando morremos,
Pois ainda estou vivo e vagando
Mas não tenho mais sentimentos, apenas sonhos.

Acho que virei animal irracional, com algumas diferenças
Quem sabe sou um cachorro, uma larva ou um morcego
Desses que gostam de andar pela cidade à noite
E cheirar as feridas alheias de quem não pode fugir.

Perdi toda a humanidade olhando para o infinito.
Tive o propósito de assim ser, abandonando o antigo
Porque o humano tem o seu limite muito curto
E o universo é grande demais para eu não querê-lo todo.

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