Álvares de Azevedo – “Meu sonho”

Meu sonho

Eu


Cavaleiro das armas escuras,
Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada sangrenta na mão?
Por que brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?
Cavaleiro, quem és? O remorso?
Do corcel te debruças no dorso...
E galga do vale através...
Oh! Da estrada acordando as poeiras
Não escutas gritar as caveiras
E morder-te o fantasma nos pés?
Onde vais pelas trevas impuras,
Cavaleiro das armas escuras,
Macilento qual morto na tumba?
Tu escutas!... na longa montanha
Um tropel teu galope acompanha?
E um clamor de vingança retumba?
Cavaleiro, quem és? Que mistério
Quem te força da morte o Império
Pela noite assombrada a vagar?
O fantasma
Sou o sonho de tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!

Álvares de Azevedo – “Meu sonho”

Nenhum comentário: