...O vento soprou um pouco mais forte e meus cabelos começaram a voar. Neste instante percebi que meus pés não estavam no chão. Meu Deus, o que está acontecendo? Perguntei, sem esperança de encontrar alguma resposta. Lá do alto tudo é azul. Só a minha solidão continua escura, com uma cor fúnebre meio esquecida. Mas, como fugir da solidão, se ela ainda é a companhia mais segura para as noites de chuva.
Meu poema, de repente, ficou em silêncio e tudo o que escutava era o barulho da nostalgia, aquele som que vem lá do fundo de nossos olhos, passa pelo coração e vai parar aos ouvidos. Que loucura! Já não consigo pensar coisa com coisa e tudo o que digo não tem nexo. Estou perdido em meio a estas nuvens que insistem em querer ser chuva. Que sejam chuva, proclamo, para molhar o meu rosto e lavar os meus pés.
A água respinga de leve e me faz acordar em um salto impulsivo. Olho pela janela e percebo que o dia começou querendo ser noite. Vejo que vai ser mais um fim de semana sem palavras e que ficarei aqui, deitado, a imaginar alguma forma de ser feliz. Enquanto isso a felicidade se vai, cada vez mais longe das minhas mãos, como a enxurrada que alaga a rua.
O cheiro é bom. É cheiro de terra molhada com chocolate quente. Este sabor me leva para bem distante, para lugares que não existem. São só imaginação. Mas vou continuar assim, voando em busca de novas coisas velhas que me faça reviver os sonhos da infância, para um dia encontrar você.
Admilson Veloso
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