Roubo de senha, invasão de perfil e calúnia são algumas das práticas criminosas mais comuns nos sites de relacionamento
“Aquele não é um ambiente confiável para se discutir qualquer assunto que seja. Você cria expectativas de amizades, de relacionamentos, mas é tudo virtual”. Assim o estudante de direito, Valdir do Carmo Júnior, 22 anos, que manteve um perfil na internet por um ano, explica porque se excluiu de um dos sites mais acessados do mundo: o Orkut.
A insegurança é um dos fatores que levam os usuários a abandonarem os sites de relacionamento, como Orkut, MySpace e Facebook. E foi a falta de segurança que levou a estudante Déborah Miranda, 21 anos, a excluir sua página do Orkut. Ela teve a senha roubada após acessar a internet em uma lan house durante as férias. “A pessoa que roubou a senha enviou recados ofensivos para meus amigos virtuais, alguns ficaram chateados e eu nem sabia o que estava acontecendo”, reclama. Após os transtornos para cancelar a conta invadida, a estudante criou um novo perfil, mas agora toma algumas precauções: “Sempre troco de senha, não acesso minhas páginas em locais públicos e só adiciono quem eu conheço”.
A adoção de medidas cautelosas não foi o suficiente para proteger a secretária Staeli Foureaux dos problemas na rede. Ela mantém um perfil no Orkut há três anos e afirma que já passou por vários constrangimentos. “Certa vez, alguém invadiu minha página, roubou as fotos e distribuiu as imagens na internet. Além disso, eu sempre recebo recados inconvenientes”, revela. Para o estudante Valdir do Carmo, as pessoas precisam ter mais cuidado ao usar a internet. “Eu não acredito em informações do Orkut, pois a internet é um ambiente aberto demais, perigoso demais. Deveria haver mais controle sobre o seu uso”, defende.
Acessar a rede de forma despreocupada pode ser muito arriscado. È o diz o detetive Renato Simões Nabak, que trabalha no setor de investigações da Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Informático e Fraudes Eletrônicas. Segundo ele, as práticas criminosas nesta área vão desde danos à imagem pública até roubo de dinheiro. “Nós sempre recebemos denúncias, principalmente de pessoas reclamando de calúnia, difamação e invasão de hacker nos computadores”, afirma. O policial também diz que, raramente, o culpado recebe uma pena rigorosa. Na maioria das vezes, o criminoso paga apenas algumas cestas básicas ou presta serviços comunitários.
De acordo com o presidente do Google Brasil, empresa responsável pelo Orkut, Alexandre Hohagen, a organização tem adotado ações para combater os abusos e crimes no site. “Criamos ferramentas inovadoras, mobilizamos o principal capital do Google – a inteligência tecnológica – para solucionar os desafios, investimos recursos e refinamos a cooperação com o Ministério Público”, afirma.
A criminalidade na rede tem sido motivo de preocupação para as autoridades. Isso porque, a cada dia aumenta mais o número de pessoas que aderem aos sites de relacionamentos. Pesquisa do Ibope, divulgada em outubro deste ano, revela que o Brasil já tem 24,3 milhões de internautas residenciais ativos – aqueles que acessam a rede pelo menos uma vez por mês. Isso representa um crescimento superior a 75% desde 2006. Quando são analisados todos os tipos de acesso (residencial, trabalho, escola, telecentros, lan houses, bibliotecas, etc.), o número de pessoas que navegaram na rede no segundo trimestre de 2008 sobe para 42 milhões.
Cerca de 87% dos jovens afirmam que não possuem restrições ao uso da internet. É o que mostra estudo da Organização Não-Governamental SaferNet, a responsável pela Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos. A pesquisa contou com a participação de cerca de 1.400 pessoas, entre crianças, jovens e pais de todo o Brasil. Além disso, o estudo também aponta que mais da metade dos entrevistados já tiveram contato com conteúdos agressivos e que consideravam impróprios para sua idade.
É o caso do estudante de negócios internacionais, Leandro Pérez, 18 anos, que desde os 15 anos utiliza os sites de relacionamentos para se comunicar. Leandro confessa que, mesmo quando era menor, acessava conteúdos tidos como impróprios para ele. “Já acessei sites pornográficos. Muitas vezes chegam mensagens na caixa de entrada e a gente acaba clicando para ver o que tem lá”. O estudante acredita que deveria haver um controle maior sobre o conteúdo divulgado na rede. Para evitar invasões e roubos de material, ele usa todas as ferramentas disponíveis. “Tudo o que eu posso trancar eu tranco”, afirma.
Os dados da pesquisa realizada pela ONG SaferNet apontam, ainda, que aproximadamente 40% dos pais informaram que seus filhos já se mostraram constrangidos com experiências vivenciadas na Internet. Apesar disso, 63% destes pais não colocam regras para o uso que os filhos fazem da rede. De acordo com Leandro, na casa dele não havia nenhuma medida por parte dos pais determinando o que pode ou não ser acessado. O jovem reclama que da falta de privacidade nos sites e diz que já pensou em excluir o perfil. “Mas depois percebi que não consigo viver sem tudo isso. É um mal necessário”, esclarece.
Para o psicólogo Daniel Silveira, Mestre em Psicologia Social pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), não adianta um controle excessivo sobre o uso da internet por parte dos pais, “pois o jovem pode ir à casa de um amigo, ou lan house, e acessar o que quiser”, explica. Ainda de acordo com o psicólogo, o rigor no acompanhamento dos filhos pode refletir de forma negativa no comportamento deles. “É melhor uma educação que ensine ao jovem o que é ou não perigoso nos sites”, complementa.
• Mantenha o computador equipado com pacotes atualizados de segurança atualizados.
• Desligue a webcam e o computador quando estes não estiverem sendo usados.
• Ao navegar, se janelas forem abertas automaticamente (pop-ups), não utilize o botão padrão para fechá-las, aperte as teclas CTRL, ALT e DEL no teclado e as feche.
• Se tiver filhos, aprenda a usar a internet e sites de relacionamento e de bate-papo.
• Além disso, verifique com freqüência o conteúdo da ferramenta histórico de navegação.
• Nunca permita que crianças acessem a internet no quarto.
• Sempre que receber um e-mail de alguma organização solicitando dados verifique pelo telefone.
• Ao ser ameaçado pela internet, procure uma delegacia e leve todas as informações possíveis impressas.
Milson Veloso
A insegurança é um dos fatores que levam os usuários a abandonarem os sites de relacionamento, como Orkut, MySpace e Facebook. E foi a falta de segurança que levou a estudante Déborah Miranda, 21 anos, a excluir sua página do Orkut. Ela teve a senha roubada após acessar a internet em uma lan house durante as férias. “A pessoa que roubou a senha enviou recados ofensivos para meus amigos virtuais, alguns ficaram chateados e eu nem sabia o que estava acontecendo”, reclama. Após os transtornos para cancelar a conta invadida, a estudante criou um novo perfil, mas agora toma algumas precauções: “Sempre troco de senha, não acesso minhas páginas em locais públicos e só adiciono quem eu conheço”.
A adoção de medidas cautelosas não foi o suficiente para proteger a secretária Staeli Foureaux dos problemas na rede. Ela mantém um perfil no Orkut há três anos e afirma que já passou por vários constrangimentos. “Certa vez, alguém invadiu minha página, roubou as fotos e distribuiu as imagens na internet. Além disso, eu sempre recebo recados inconvenientes”, revela. Para o estudante Valdir do Carmo, as pessoas precisam ter mais cuidado ao usar a internet. “Eu não acredito em informações do Orkut, pois a internet é um ambiente aberto demais, perigoso demais. Deveria haver mais controle sobre o seu uso”, defende.
Acessar a rede de forma despreocupada pode ser muito arriscado. È o diz o detetive Renato Simões Nabak, que trabalha no setor de investigações da Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Informático e Fraudes Eletrônicas. Segundo ele, as práticas criminosas nesta área vão desde danos à imagem pública até roubo de dinheiro. “Nós sempre recebemos denúncias, principalmente de pessoas reclamando de calúnia, difamação e invasão de hacker nos computadores”, afirma. O policial também diz que, raramente, o culpado recebe uma pena rigorosa. Na maioria das vezes, o criminoso paga apenas algumas cestas básicas ou presta serviços comunitários.
De acordo com o presidente do Google Brasil, empresa responsável pelo Orkut, Alexandre Hohagen, a organização tem adotado ações para combater os abusos e crimes no site. “Criamos ferramentas inovadoras, mobilizamos o principal capital do Google – a inteligência tecnológica – para solucionar os desafios, investimos recursos e refinamos a cooperação com o Ministério Público”, afirma.
A criminalidade na rede tem sido motivo de preocupação para as autoridades. Isso porque, a cada dia aumenta mais o número de pessoas que aderem aos sites de relacionamentos. Pesquisa do Ibope, divulgada em outubro deste ano, revela que o Brasil já tem 24,3 milhões de internautas residenciais ativos – aqueles que acessam a rede pelo menos uma vez por mês. Isso representa um crescimento superior a 75% desde 2006. Quando são analisados todos os tipos de acesso (residencial, trabalho, escola, telecentros, lan houses, bibliotecas, etc.), o número de pessoas que navegaram na rede no segundo trimestre de 2008 sobe para 42 milhões.
Espaço livre, demais
Cerca de 87% dos jovens afirmam que não possuem restrições ao uso da internet. É o que mostra estudo da Organização Não-Governamental SaferNet, a responsável pela Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos. A pesquisa contou com a participação de cerca de 1.400 pessoas, entre crianças, jovens e pais de todo o Brasil. Além disso, o estudo também aponta que mais da metade dos entrevistados já tiveram contato com conteúdos agressivos e que consideravam impróprios para sua idade.
É o caso do estudante de negócios internacionais, Leandro Pérez, 18 anos, que desde os 15 anos utiliza os sites de relacionamentos para se comunicar. Leandro confessa que, mesmo quando era menor, acessava conteúdos tidos como impróprios para ele. “Já acessei sites pornográficos. Muitas vezes chegam mensagens na caixa de entrada e a gente acaba clicando para ver o que tem lá”. O estudante acredita que deveria haver um controle maior sobre o conteúdo divulgado na rede. Para evitar invasões e roubos de material, ele usa todas as ferramentas disponíveis. “Tudo o que eu posso trancar eu tranco”, afirma.
Os dados da pesquisa realizada pela ONG SaferNet apontam, ainda, que aproximadamente 40% dos pais informaram que seus filhos já se mostraram constrangidos com experiências vivenciadas na Internet. Apesar disso, 63% destes pais não colocam regras para o uso que os filhos fazem da rede. De acordo com Leandro, na casa dele não havia nenhuma medida por parte dos pais determinando o que pode ou não ser acessado. O jovem reclama que da falta de privacidade nos sites e diz que já pensou em excluir o perfil. “Mas depois percebi que não consigo viver sem tudo isso. É um mal necessário”, esclarece.
Para o psicólogo Daniel Silveira, Mestre em Psicologia Social pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), não adianta um controle excessivo sobre o uso da internet por parte dos pais, “pois o jovem pode ir à casa de um amigo, ou lan house, e acessar o que quiser”, explica. Ainda de acordo com o psicólogo, o rigor no acompanhamento dos filhos pode refletir de forma negativa no comportamento deles. “É melhor uma educação que ensine ao jovem o que é ou não perigoso nos sites”, complementa.
Dicas de Segurança na Rede
• Mantenha o computador equipado com pacotes atualizados de segurança atualizados.
• Desligue a webcam e o computador quando estes não estiverem sendo usados.
• Ao navegar, se janelas forem abertas automaticamente (pop-ups), não utilize o botão padrão para fechá-las, aperte as teclas CTRL, ALT e DEL no teclado e as feche.
• Se tiver filhos, aprenda a usar a internet e sites de relacionamento e de bate-papo.
• Além disso, verifique com freqüência o conteúdo da ferramenta histórico de navegação.
• Nunca permita que crianças acessem a internet no quarto.
• Sempre que receber um e-mail de alguma organização solicitando dados verifique pelo telefone.
• Ao ser ameaçado pela internet, procure uma delegacia e leve todas as informações possíveis impressas.
Milson Veloso
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