O Vento


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A poesia do vento não pode ser vazia. Ela deve ser discreta e dizer apenas o que o vento é. O vento é o sopro de consciência que vem da imensidão do espaço a procura de repouso. Ele é a simplicidade de um suspiro, com a emoção de uma lágrima. Silenciosa. Apagada.
O vento também é fúria e braveza. A corrigir os erros de quem não soube ser. Ele percorre cada canto dos mais baixos - escondidos, perdidos - recantos. Mas nunca se vai. Jamais fica. É uma corrente que perpassa nossos olhos e nos carrega pela vida. O vento não tem solidão. Quando está só, levanta poeira e a leva com ele.
Queria ser, um dia, como o vento. Para passar por entre seus cabelos e cantar aos teus ouvidos todo o silêncio que me preenche nestes momentos de insensatez. Poderia até acompanhar os teus passos e, depois, apagá-los. Levemente. Vagarosamente. Sentindo o toque de seus pés.
Vou ficar aqui por uns instantes, a espera que algum vento me traga você. Na memória. Quem sabe esse mesmo vento varra para bem longe tudo aquilo que não houve e nos faça ser novos. A cada dia. Quando, logo ao raiar, possamos sentir que o vento não nos abandonou. Talvez, até constatarmos que estamos sós, juntos com o vento e a poeira que não se foram.

Admilson Veloso

2 comentários:

Anônimo disse...

Esse garoto é meu brother, muito "Pensador". Sou seu fã.

MC

Anônimo disse...

Foi você mesmo que escreveu isso?
Ah! Fala sério, não sabia que vc tinha manha assim...
Parabéns, doido demais...