O discurso da sustentabilidade ganha destaque e se torna estratégico em todos os setores
Por Milson Veloso*
Promover o desenvolvimento humano de forma que as questões econômicas, ambientais, culturais e sociais sejam contempladas é o princípio da sustentabilidade, termo que tem ganhado destaque nos debates sobre os problemas contemporâneos que o mundo enfrenta. O início das discussões acerca do tema aconteceu durante a Conferência de Estocolmo (Suécia), em 1972. Entretanto, apenas no final da década de 80 e início dos anos 90 é que o conceito de desenvolvimento sustentável adquiriu maior abrangência, principalmente após a Conferência Rio-92 (Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento), realizada no Rio de Janeiro. No evento, foi aprovada a Agenda 21, um documento que constituiu um pacto para alterar o modelo de desenvolvimento global.
Apesar de já terem se passado mais de 30 anos do primeiro grande debate, alcançar um planeta sustentável ainda é algo que inspira desafios. Para o biólogo e doutor em Ecologia pela UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), Rogério Parentoni, alguns aspectos são essenciais ao se falar sobre o assunto, principalmente em âmbito nacional. Dentre eles, o especialista destaca a mudança de postura, tanto por parte do setor privado quanto dos governos. “O principal seria mudar o modelo econômico e o sistema político brasileiro, que atualmente são ‘insustentáveis’”, afirma.
O biólogo é pessimista quanto ao futuro, pois considera que o individualismo e a maneira como são tratados os pontos referentes à sustentabilidade, atualmente, representam obstáculos difíceis de serem transpostos. “O comportamento humano predominante é o de pensar em si não como parte de um todo, mas como estratégia para se beneficiar, independentemente dos resultados de suas ações para os demais”.
Já para o professor de Gestão Ambiental da Universidade Católica de Pelotas, no Rio Grande do Sul, Dr. Marcelo Dutra, a verdadeira riqueza está nos bens e serviços oferecidos pela natureza. Segundo ele, reconhecer e valorizar tais bens é o grande desafio para a sociedade. “Em pouco tempo, as maiores economias serão conhecidas não só pelo que produzem e comercializam, mas, principalmente, pelo que produzem e comercializam daquilo que sabem preservar e/ou conservar. Uma economia de futuro valoriza seus recursos e tem nas suas prioridades a manutenção do capital natural”, defende.
Garantir a manutenção desses recursos, na visão do professor, vai além da conservação da floresta ou de qualquer outro patrimônio. Pois, somente uma economia baseada nessa metodologia permitirá o exercício real das práticas econômicas, com distribuição da renda e a qualidade de vida das pessoas. Para isso, seria necessário pensar e praticar uma economia completamente nova, que leve em consideração as limitações dos bens, planeje o uso do espaço e estabeleça regras e limites, todas essas ações aliadas a um processo de gestão compartilhada.
As mudanças na temperatura, desastres naturais e muitos outros eventos podem simbolizar que algo de errado tem sido feito pelo homem com o meio onde vive, a Terra. Além da poluição provocada pela produção e uso desordenado de automóveis e demais produtos, outro fator para o qual Marcelo Dutra chama a atenção é a ocupação irracional dos espaços, tanto urbano quanto rural. “Devemos trabalhar firmes por uma nova ordem de planejamento, as características do espaço devem ser melhor estudadas e consideradas no momento da ocupação. O sistema de gestão deve ser mais responsável, mais técnico e menos político”. O professor também acredita que os problemas atuais podem ser apenas um aviso do que será o futuro, se as medidas necessárias não forem adotadas. “Talvez ainda se saiba muito pouco quanto às verdadeiras conseqüências dessas mudanças sobre a superfície terrestre“, conclui.
Ecoturismo para um desenvolvimento sustentável
Lazer, esportes radicais e contato com a natureza. O ecoturismo, forma de turismo voltada para a apreciação de ecossistemas naturais, têm crescido significativamente no Brasil e demais países em desenvolvimento. Um artigo publicado no portal Universo Ambiental revela que a prática é responsável por mais de 10% da receita total em 47 países e por mais de 50% do valor de exportações em outros 17 países.
O termo ecoturismo começou a ser utilizado no início dos anos 80 e representa, segundo alguns estudiosos da área, variações como turismo rural, turismo ecológico, turismo alternativo e turismo cultural. Para a turismóloga Érika Dias Cordeiro, especialista em educação ambiental e desenvolvimento sustentável, o ecoturismo não corresponde diretamente apenas ao local onde se realiza a atividade, mas à forma como ela é feita. “O termo está ligado ao fato de se fazer um passeio de maneira consciente, com respeito à cultura local e preservando as áreas naturais”, esclarece.
Por promover o encontro entre diferentes culturas, Érika acredita que o turismo precisa estabelecer nos viajantes a consciência do real valor dos patrimônios para a sociedade e a necessidade de preservá-los. “É neste contexto que o turismo é tido como uma atividade que colabora com o desenvolvimento sustentável do planeta, desde que realizado de maneira planejada, pois busca incentivar o uso sustentado dos atrativos, não permitindo que estes se esgotem”, complementa.
Apesar de já terem se passado mais de 30 anos do primeiro grande debate, alcançar um planeta sustentável ainda é algo que inspira desafios. Para o biólogo e doutor em Ecologia pela UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), Rogério Parentoni, alguns aspectos são essenciais ao se falar sobre o assunto, principalmente em âmbito nacional. Dentre eles, o especialista destaca a mudança de postura, tanto por parte do setor privado quanto dos governos. “O principal seria mudar o modelo econômico e o sistema político brasileiro, que atualmente são ‘insustentáveis’”, afirma.
O biólogo é pessimista quanto ao futuro, pois considera que o individualismo e a maneira como são tratados os pontos referentes à sustentabilidade, atualmente, representam obstáculos difíceis de serem transpostos. “O comportamento humano predominante é o de pensar em si não como parte de um todo, mas como estratégia para se beneficiar, independentemente dos resultados de suas ações para os demais”.
Já para o professor de Gestão Ambiental da Universidade Católica de Pelotas, no Rio Grande do Sul, Dr. Marcelo Dutra, a verdadeira riqueza está nos bens e serviços oferecidos pela natureza. Segundo ele, reconhecer e valorizar tais bens é o grande desafio para a sociedade. “Em pouco tempo, as maiores economias serão conhecidas não só pelo que produzem e comercializam, mas, principalmente, pelo que produzem e comercializam daquilo que sabem preservar e/ou conservar. Uma economia de futuro valoriza seus recursos e tem nas suas prioridades a manutenção do capital natural”, defende.
Garantir a manutenção desses recursos, na visão do professor, vai além da conservação da floresta ou de qualquer outro patrimônio. Pois, somente uma economia baseada nessa metodologia permitirá o exercício real das práticas econômicas, com distribuição da renda e a qualidade de vida das pessoas. Para isso, seria necessário pensar e praticar uma economia completamente nova, que leve em consideração as limitações dos bens, planeje o uso do espaço e estabeleça regras e limites, todas essas ações aliadas a um processo de gestão compartilhada.
As mudanças na temperatura, desastres naturais e muitos outros eventos podem simbolizar que algo de errado tem sido feito pelo homem com o meio onde vive, a Terra. Além da poluição provocada pela produção e uso desordenado de automóveis e demais produtos, outro fator para o qual Marcelo Dutra chama a atenção é a ocupação irracional dos espaços, tanto urbano quanto rural. “Devemos trabalhar firmes por uma nova ordem de planejamento, as características do espaço devem ser melhor estudadas e consideradas no momento da ocupação. O sistema de gestão deve ser mais responsável, mais técnico e menos político”. O professor também acredita que os problemas atuais podem ser apenas um aviso do que será o futuro, se as medidas necessárias não forem adotadas. “Talvez ainda se saiba muito pouco quanto às verdadeiras conseqüências dessas mudanças sobre a superfície terrestre“, conclui.
Ecoturismo para um desenvolvimento sustentável
Lazer, esportes radicais e contato com a natureza. O ecoturismo, forma de turismo voltada para a apreciação de ecossistemas naturais, têm crescido significativamente no Brasil e demais países em desenvolvimento. Um artigo publicado no portal Universo Ambiental revela que a prática é responsável por mais de 10% da receita total em 47 países e por mais de 50% do valor de exportações em outros 17 países.
O termo ecoturismo começou a ser utilizado no início dos anos 80 e representa, segundo alguns estudiosos da área, variações como turismo rural, turismo ecológico, turismo alternativo e turismo cultural. Para a turismóloga Érika Dias Cordeiro, especialista em educação ambiental e desenvolvimento sustentável, o ecoturismo não corresponde diretamente apenas ao local onde se realiza a atividade, mas à forma como ela é feita. “O termo está ligado ao fato de se fazer um passeio de maneira consciente, com respeito à cultura local e preservando as áreas naturais”, esclarece.
Por promover o encontro entre diferentes culturas, Érika acredita que o turismo precisa estabelecer nos viajantes a consciência do real valor dos patrimônios para a sociedade e a necessidade de preservá-los. “É neste contexto que o turismo é tido como uma atividade que colabora com o desenvolvimento sustentável do planeta, desde que realizado de maneira planejada, pois busca incentivar o uso sustentado dos atrativos, não permitindo que estes se esgotem”, complementa.
* Milson Veloso é graduado em Comunicação Social - Jornalismo, pelo Centro Universitário Newton Paiva. Esta reportagem foi produzida para o Jornal FUNDAMIG.
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