Silêncio (em memória do Carnaval e d'outras festas)


O silêncio se fez presente. Ele queria impor a sua ordem e o seu constrangimento, antes do tumulto. Pois o silêncio, meus caros, às vezes machuca fundo, fere e arranca a casca da ferida, fazendo-a sangrar. Silêncio é coisa assustadora, até mais do que o barulho de um trovão. É aquela insensatez que troca as palavras pela pouca comunicação. Dá medo de ver essa calmaria que se estende por longos segundos e dispara o órgão em nosso peito. É de tremer as mãos e suar os pés. Mas, o silêncio também é paz. Em noites claras de lua cheia, o silêncio da madrugada deve ser sagrado. É momento para se ouvir as estrelas, com seu brilho intenso, a cantarem canções também silenciosas, quando as notas se mostram por inteiras em novas melodias apaixonadas. Quando o barulho se vai, pode-se ouvir o tum-tum, tum-tum que o coração diz. Isso é de uma beleza que assusta. Quero ainda, neste instante, um pouco de silêncio, in memória. Antes que o barulho da festa atormente nosso espírito e, como o silêncio, também não nos deixe falar. E o pior, não nos deixe ouvir, nem sentir, nem amar...

2 comentários:

Anônimo disse...

Amei esse texto!

O silêncio para mim equivale a uma prece.

Para pessoas que detestam Carnaval, como eu, a melhor maneira que encontro é ficar "imersa" no "silêncio" do meu quarto, lendo, estudando, enquanto outras pessoas se divertem em uma festa inútil que não traz cultura alguma para o povo brasileiro...
Mas, a maioria gosta, né?! Fazer o quê!

Abraços!

Nayara .NY disse...

O silêncio é a parte
mais significativa da vida...
São momentos em que
somos nós contra nós mesmos...
Quem sai vencedor?